Promoters dos principais camarotes contam o assédio que sofrem nesta época do ano, falam dos cachês de alguns artistas e das regalias que os VIPs encontram nesses espaços.
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Camarote QUEM Ivete Sangalo |
ÉPOCA conversou com promoters de três principais camarotes do Carnaval: Alicinha Cavalcanti, que há vinte anos leva personalidades para o espaço Brahma, na Sapucaí, no Rio de Janeiro; Fáttima Amaral, promoter do espaço Bar Brahma, no sambódromo de São Paulo; e Danilo Faro, que tem a missão de comandar a lista vip do primeiro camarote da cantora Ivete Sangalo em Salvador.
Apesar do tema ser envolto em certo mistério – o que ajuda a manter o glamour e evita o assédio da concorrência –, os profissionais revelam algumas de suas práticas e explicam como funcionam as listas nas quais muitos querem estar, mas nem todos conseguem.
Quem entra na lista
Cada profissional tem seu método de trabalho, o que inclui atender os desejos das marcas patrocinadoras e organizadores dos camarotes. Os nomes são sugeridos pelos promoters e levados para a aprovação dos clientes. Os procurados são atores, apresentadores de televisão, modelos, esportistas, empresários e até mesmo políticos. O importante é estar em alta e gerar mídia espontânea para as marcas.
Danilo Faro (irmão do apresentador Rodrigo Faro) tem a missão de levar convidados da revista QUEM e da cantora Ivete Sangalo para o espaço que a baiana inaugura neste ano no circuito dos desfiles de Salvador. Entre os nomes que ele já pode revelar estão Cláudia Raia, Sheron Menezes e Rodrigo Hilbert.
Além da lista previamente elaborada, Faro diz que está sempre atento para os artistas que estarão em Salvador durante a folia. Aí é só fazer o convite. “A Ivete é uma das artistas mais queridas do Brasil. Muitas pessoas vão querer passar por lá", afirma.
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Camarote QUEM Ivete Sangalo |
Nesses casos, conta muito a sorte – ou suor – dos organzidores. A pop star Madonna, que no ano passado, depois de um convite da AmBev, veio curtir o Carnaval brasileiro com o seu ex-namorado Jesus Luz, acabou dando o ar da graça no Brahma. “Foi uma glória”, diz a promoter Alicinha Cavalcanti, que recebeu a incumbência de divulgar nas redes sociais que a pop star estava no camarote. “Ninguém acreditava, me chamaram de louca no Twitter”, conta ela, que tem mais de 95 mil seguidores.
Alicinha divide a tarefa com outras três profissionais: Carol Sampaio, Ivone Kassu e Renata Carvalho. Juntas, elas têm a missão de levar mais de mil convidados ao local. “Trabalho nisso há muito tempo. Sempre entrego o que esperam de mim e um 'plus'”, diz a Alicinha. Neste ano, as grandes atrações serão Will. I. Am., do Black Eyed Peas, e o cantor Zeca Pagodinho.
O Bar Brahma – que há 11 anos durante o Carnaval “muda” das tradicionais esquinas das avenidas Ipiranga e São João para o sambódromo do Anhembi – já confirmou nomes como o da modelo Izabel Goulart e das atrizes Mariana Rios e Vanessa Giácomo, que é a madrinha do camarote. “Busco celebridades carismáticas, simpáticas, que tenham uma boa imagem e, é claro, que gostem de Carnaval”, diz Fáttima Amaral, responsável pela lista.
E tem aquelas celebridades que não estão na lista de vetados nos camarotes: quem exagera na bebida, tem sua imagem associada a escândalos e drogas ou que faz de tudo para estar na mídia não é bem-vindo.
Mimos e Cachês
Oferecer cachês para artistas e personalidades comparecerem a eventos e festas é uma prática normal, afinal eles estarão emprestando suas imagens para marcas e patrocinadores. É a chamada presença vip. O valor pago varia muito, depende da ocasião, de quem é o artista, se está no ar em alguma novela, etc.
No Carnaval a questão é um pouco diferente. A promoter Alicinha Cavalcanti, do Brahma, afirma que ninguém recebe cachê para participar do espaço. Ela chama de “mimos” algumas comodidades que oferece para seus convidados, como transporte, vestiários, auxílio para quem vai desfilar ou até abrir a possibilidade de levar mais de um acompanhante. “Além disso, a pessoa estará no melhor lugar para assistir aos desfiles”, diz Alicinha.
A promoter conta que um dos maiores “mimos” que fez foi ir até o barco da apresentadora Ana Maria Braga, em 2007, para entregar pessoalmente a credencial dela e do marido. Seria a primeira vez que Ana Maria iria ao camarote e Alicinha não queria perder a convidada. O esforço valeu a pena. Além de Ana, a cantora Simone, que estava no barco com a apresentadora, também aceitou o convite. “Quero que meu convidado se sinta único”, diz Alicinha.
Mas nessa questão de cachês há exceções. Especula-se que a ex-modelo Luma de Oliveira, que este ano será a musa do Brahma, deverá receber cerca de R$ 300 mil para desempenhar a função. A top Gisele Bündchen quando visitou o local foi por conta de seu contrato com a marca. O ex-jogador Ronaldo idem.
O camarote Quem/ Ivete Sangalo também não remunera seus convidados. Além da política da revista ser a de não pagar cachê para nenhum artista, os quase 30 convidados vips vão receber as passagens para Salvador, hospedagem em hotel cinco estrelas e toda a assessoria nos dias das badalações. Tudo com direito a um acompanhante.
O Bar Brahma admite que paga cachê – mas não para todos. Os valores variam de R$ 5 mil a R$ 30 mil. Como isso é calculado? Mais uma vez, nomes é assunto proibido. “Depende do artista, se o ator está fora ou não dor ar. Enfim, é uma combinação de variantes”, afirma Fáttima Amaral, promoter do espaço.
Amigos, amigos, camarotes à parte
Quem já esteve em um camarote de Carnaval sabe que a diversão é garantida. Os organizadores oferecem serviços de transportes, maquiagem, customização de camisetas, jantar, quitutes, bebidas, shows exclusivos nos intervalos das escolas de sambas, entre outras mordomias.
Mas tudo tem um preço. No espaço do Bar Brahma, em São Paulo, por exemplo, os ingressos custam de R$598,00 à R$1.598,00. Nada mal conseguir uma entrada “na faixa", não? E muita gente tenta. “Parece brincadeira, mas aparecem pessoas que não vejo há séculos. Já deixei muita gente de fora”, diz Fáttima Amaral, promoter do Bar Brahma.
Danilo Faro, responsável pelo Camarote Quem/ Ivete Sangalo, enfrenta o mesmo assédio. Segundo ele, nesses casos, o melhor caminho é ser sincero e dizer, logo de cara, quando não vai rolar. “Quem é amigo de verdade entende”, afirma. Faro diz que profissão de promoter, por vezes, é envolta de muito glamour e, por isso, muitos a confundem com diversão. “Não posso sair distribuindo convites do camarote para os meus amigos. Tenho que trabalhar de acordo com que o meu contratante pediu”, afirma.
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